Mafias, "patrimônio da humanidade"


Crime

Não se acredita nas mafias,
mas que as há, há
27.03. 2010



Portugal é uma das portas de entrada de droga na Europa.

Tem 640 instituições de crédito e sociedades financeiras.

É fazer as contas


Grande parte das inúmeras máfias e organizações criminosas estão direta ou indiretamente ligadas a Portugal.

Em relação direta estão as duas principais organizações mafiosas italianas, a 'Ndranghetta e a Camorra, intimamente envolvidas no tráfico de cocaína da América do Sul que passa por Portugal.

Ou mesmo outras máfias de leste como a Panterkata da Bulgária, a russa Irmandade Solntsevskaya ou a Arkan da Sérvia, que são algumas das centenas de organizações que passam pelo nosso país e pela Espanha.

Segundo as autoridades, os mafiosos italianos raramente abandonam os refúgios na Itália, enquanto alguns membros das organizações de Leste e de outros países europeus chegam a instalar-se na Península Ibérica.

Há, por exemplo, registro de criminosos ingleses que foram detidos nos seus retiros do Algarve. Mas, segundo os dados policiais, falar em instalação de bases não faz sentido, uma vez que a maioria das máfias opera nos meandros do tráfico de droga e, dada a constante alteração de rotas e modus operandi, não têm bases permanentes.

A Polícia Judiciária monitoriza os suspeitos de pertencerem a estas organizações criminosas, mas eles próprios sabem que as autoridades não conseguem reunir provas em tempo útil.

Antes disso, desaparecem e são substituídos por novos membros, alteram as localizações, diversificam as operações, mudam os números de telefone e contatos. Ou seja, a investigação volta à estaca zero.

O i apurou que a 'Ndranghetta, uma das organizações italianas com maior ascensão nos últimos anos, deve o seu sucesso ao tráfico de cocaína. Pensa-se que a 'Ndranghetta fica com 10% da produção.

Todavia, todas as organizações mafiosas e terroristas podem estar envolvidas separada ou conjuntamente em diferentes rotas de tráfico. Numa investigação no final de 2009, a DEA (Drug Enforcement Administration) americana, através de um seu agente infiltrado, que se apresentou como pertencendo às FARC, negociou com três simpatizantes da Al Qaeda.

A ideia era transportar centenas de toneladas de cocaína sul-americana do Oeste africano para o Norte, com destino a Espanha. Foram presos. Segundo os investigadores, no caso das máfias, sobretudo depois da abertura das fronteiras, a cooperação internacional tem sido essencial para referenciar os colaboradores.
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