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Televisão
17.06. 2010


Ilene Chaiken, a criadora de "A Letra L", a duradoura série de temática lésbica do canal Showtime (neste momento na Fox Life), virou-se para os reality shows: vai fazer a sua própria versão sem roteiro, "The Real L Word"



Regressando ao cenário original da série, em Los Angeles, ele próprio inspirado pela comunidade onde a criadora reside, em West Hollywood, Chaiken selecionou seis mulheres para viverem as suas vidas sob os olhares das câmaras durante nove semanas, a partir do próximo domingo, também no Showtime.

Sexo? Talvez
Chaiken percebeu depressa as diferenças entre o roteiro e o reality: "Estou habituada a ter o controle e neste caso fico totalmente fora de controle", explicou durante uma conversa à mesa de um café de West Hollywood.

"Sabia que não escrevia estas histórias, não podia dizer aquilo que iria suceder e não podia mudar o rumo a meio do caminho, e dizer 'Meu Deus, talvez ela devesse enganar esta e em vez disso sair com a outra'." Chaiken não visitou a cena para evitar interferências nas vidas das mulheres.

A sua parceira neste projeto é Jane Lipsitz, que produziu programas como "Project Runway" e "Top Chef".

"As pessoas, incluindo nós, acham que existe o que está escrito no roteiro e depois existe a realidade. E as duas nunca se devem cruzar", explica Lipsitz. "Tem sido uma colaboração incrível. O que nos une é este amor por criar as melhores histórias."

Neste caso, uma boa história tem mais conteúdo para adultos que os reality shows que passam habitualmente em sinal aberto nos EUA. "Podemos ser francas acerca das coisas sobre as quais temos de ser reservadas ou evasivas na televisão em sinal aberto", explica Chaiken.

Entretanto, os primeiros dois episódios de "The Real L Word" revelam pouco que não possa ser mostrado em sinal aberto. E isso porque o Showtime (um canal codificado), que não costuma entrar no negócio da reality TV, parece ter encetado um rumo que é surpreendente para qualquer rede televisiva nos tempos que correm: o da elevação.

"Não fazia sentido para mim selecionar mulheres que só estivessem à vontade a fazer o programa se as pudéssemos mostrar a praticar sexo explícito", refere Robert Greenblatt, presidente da divisão de entretenimento do Showtime.

Chaiken confirma que Greenblatt nunca pediu garantias de luxúria. "Nunca houve uma conversa do género 'podes prometer-me que alguém irá praticar sexo quando está a ser filmado, usar esta palavra ou envolver-se neste tipo de atividade?'"

Ela assegura que, à medida que o programa avançar, as mulheres irão sentir-se mais à vontade para praticar sexo estando a ser filmadas.

Engana-me que eu gosto
Considerando o tipo de pessoa que tende a responder às chamadas para castings de reality shows, a produção poderia ter facilmente terminado com um grupo de exibicionistas que só pensam em festas e álcool.

"Foi claramente o desafio de fazer este programa", aponta Chaiken, que escolheu mulheres que sejam na sua maior parte estranhas em vez de um grupo de amigas.

"Não queria apresentar um bando de lésbicas com mau aspecto. Queria pessoas interessantes, em cujas vidas haja drama suficiente para serem realmente atrativas."

Foi por isso que escolheu Whitney Mixter, 27 anos, uma artista em efeitos especiais para filmes com uma aptidão especial para se enganar a si mesma.

"Não diria que sou uma jogadora", afirma Mixter perante a câmara. "Sinceramente. As outras pessoas talvez. Eu não tento fazer jogos com as pessoas." No final do primeiro episódio as câmaras seguem-na enquanto ela vai ao aeroporto deixar uma amante e trazer outra.

Lésbicas e dramáticas
Do outro lado do espectro estão Nikki Weiss, 37, e Jill Goldstein, 33, juntas há um ano e noivas prontas para casar. O segundo episódio revela que a história feliz das duas tem falhas quando o melhor amigo masculino de Goldstein, com quem ela claramente tem química, aparece para a visitar.

"Foi um pouco difícil de ver", confessou depois de assistir ao episódio da televisão. "Percebo porque escolheram essa parte, visto que representa os desafios de uma relação, mas estou totalmente com a Nikki e sinto que a Ilene irá transmitir a minha verdade."

"Ao pôr duas mulheres numa relação, estamos obrigados a ter drama", afirma Lipsitz. "Nas relações heterossexuais penso que é a mulher a ter a tendência para criar uma boa parte do drama."

A motivação de Chaiken para fazer esta série tem a ver com o que considera o valor que sustenta a marca "A Letra L": "Não temos tido representação na cultura popular", aponta.

"Ainda estamos relegadas para as margens."
Uma representante da Gay and Lesbian Alliance Against Defamation (Aliança de Gays e Lésbicas contra a Difamação) disse que existiam quatro personagens lésbicas - nenhuma delas principal - na televisão em sinal aberto na última temporada.

Chaiken tem planos para corrigir essa injustiça. Se esta temporada de "The Real L Word" tiver sucesso, existe a hipótese de ser prolongada no futuro e extendida a outras cidades, como aconteceu com "The Real Housewives".

A próxima na sua lista: Brooklyn. "Penso que a maior parte do mundo não sabe como é forte e vibrante a comunidade lésbica existente num dos principais municípios de Nova Iorque."


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