Amor Livre


“Sexo e a cidade 2"


por Diana Garrido
3 de Junho de 2010

O que é que o filme “Sexo e a Cidade 2” tem? Roupa. Montes e montes de roupa. E marcas, muitas marcas. Dior, Chanel, Pucci, HP, Halston, Ray Ban, Louboutin, Rolex, Mikita & Bernhard Wilhelm, Apple, e a lista continua.

Sexo? Nem por isso. Cidade, pouco. As quatro amigas trocam o bulício urbano pelas areias do deserto, que alegremente exploram de saltos altos. No entanto, e fora a impossibilidade de levar uma vida tão glamorosa como a das quatro amigas, muitas são as mulheres que se identificam com uma – senão todas – personagem da série.

Carrie é a “normal”, de angústias e dúvidas de mulher solteira em busca do amor verdadeiro. As restantes três são uma espécie de caricatura de personalidades: Miranda é viciada em trabalho e controladora, Samantha é viciada em sexo e são poucos os homens de Nova Iorque com quem ainda não dormiu, e Charlotte é uma espécie de dona de casa desesperada, virginal e fofinha a atirar para o totó.

Cada uma espelha um traço feminino, um estado momentâneo, um pensamento ou desejo qualquer, por mais obscuro que seja. Sempre bem vestidas, claro. Grupos de amigas que provavelmente não bebem Cosmopolitan (vodka, triple sec, sumo de arando e de lima espremida na altura), autobaptizam-se como as personagens, segundo traços de personalidade mais ou menos vincados.

Com elas vieram os cupcakes, queques coloridos a saber a manteiga, os sapatos Manolo Blahnik ou Louboutin, que de repente ninguém consegue viver sem, o sexo descomprometido, as conversas sem preconceitos, as discussões sobre tamanhos.

Não que não as houvesse antes da série “Sexo e a Cidade”, nada disso. Mas com elas, com as quatro amigas, veio uma certa naturalidade em discutir sexo oral como os homens falam de futebol.

Com o filme as coisas mudaram. O mundo passou a ser cor-de-rosa, de final feliz, as conversas deixaram de ser didácticas e só sobrou o glamour citadino das quatro.

Isso, e a fidelidade: à amizade que as une, capazes de apanharem aviões para os lugares mais improváveis só para passarem um bom bocado; e às marcas que desfilam nos dois filmes, como um gigantesco anúncio. Roupas, looks e marcas às quais o mais comum dos mortais não tem acesso. Até hoje.
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